Algumas lendas medievais permanecem no imaginário popular do povo europeu. Uma delas é a história da bruxa Pepa Barretina, que viveu no Castelo da Santa Cruz (“Castell de la Santa Creu”, em catalão), das fotos abaixo:










O castelo foi construído para ser uma fortaleza de proteção contra os franceses, principalmente. O primeiro documento encontrado sobre o castelo, data do ano de 999. Nesse período, quem governava a Península Ibérica eram os califas árabes (711- 1492), o “Al Andalus”.
A princípio, muçulmanos, cristãos e judeus conviviam com certa “harmonia”, mas estes últimos eram considerados cidadãos inferiores, tinham que pagar impostos de pessoa física e de propriedades para poder exercer as suas religiões. Mas, no final, essa boa convivência foi quebrada e haviam prisões e execuções para quem praticasse outras religiões.
Nesse contexto, havia também o povo pagão, que não comungava com nenhuma das religiões, pelos menos socialmente: as bruxas. Nesse castelo de Calafell (Tarragona), viveu uma, diz “a lenda”. Lenda? Parece que é mais do que isto.
Há uma construção rara no castelo, o “comunicador”, não existem muitas, é uma espécie de torre quadrada a “quatro ventos” (atrás da foto com o sino), que se utilizava para fazer feitiços ligados às colheitas, de proteção, para quebrar os malefícios das bruxas, que provocavam mal tempo e tempestades.
O povo diz que Pepa Barretina usava vísceras de animais e ferros oxidados para seus feitiços. No castelo, há uma igreja românica e havia um cemitério por onde Pepa rondava.
Mas, aí vem a parte que torna a história mais verossímil: o comunicador foi construído a pedido de um sacerdote para rituais de proteção. Ele também benzia as casas para atrair sorte. A lenda tem um fundo de verdade.
Se a Pepa Barrotes existiu ou não, hoje ela virou um boneco gigante presente nas festas do “pueblo”. Poderosa ela é, conseguiu a imortalidade.
Seja o que for, o misticismo acompanha a humanidade desde sempre. Quantas guerras, perseguições e crueldade em nome de Deus, não?
“Yo no creo en brujas, pero que las hay, hay.”