Nove anos.
Eu nunca fiz e acho que nunca vou conseguir fazer o blog “dos meus sonhos”, que seria com atualizações diárias. Não dá. Ler exige tempo.
Ler do jeito que eu leio, sem pular páginas, criticamente, pensando sobre a obra para tentar resumir depois em uma resenha, não é coisa ligeira. Fora que nem tudo o que leio eu coloco aqui. Decidi que não escrevo mais sobre livros ruins por compaixão ao autor. E por responsabilidade. Eu não sei até que ponto a minha opinião pode afetar os autores. E eu decidi que não quero estar nessa posição.
Constantemente, tenho uma dúvida incômoda: “ajudo ou atrapalho?”. O blog ajuda alguém? As resenhas pra quê servem? E a resposta nem sempre me agrada: ajudo os copistas a simplificarem seus trabalhos; ajudo estudantes preguiçosos que não querem ler os livros; ajudo outros blogs e sites com informações, fotos, ideias, raramente citam a fonte.
Se eu pensasse só nisso, já teria acabado com esse espaço. Mas, por que não acabo? Por mim, necessidade própria. Gosto de compartilhar o que leio, gosto de ter esse diário de leituras. Gosto de deixar um testemunho para o futuro. Como assim? Gosto de pensar que um neto daqui a 20 anos possa saber o que a vovó gostava de ler. Parece besteira, provavelmente é, mas serve como estímulo.
Esse é um espaço também de treinamento. Eu sou expatriada há anos demais, aqui eu treino a escrita em português, o pensamento em português, já que o espanhol invadiu a minha vida, estou imersa nesse idioma. Eu mesma já me noto estrangeira no meu próprio idioma, algumas vezes me estranho, duvido, vacilo.
A maioria dos imigrantes que conheço, e com menos tempo de Espanha que eu, já não falam bem o português. Será que eles têm a mesma percepção sobre mim? É um pensamento desagradável.
Eu escolhi Letras Vernáculas, porque amo o nosso idioma, suas literaturas, sua gramática, seus mistérios e complicações. Foi com a língua e seu emaranhado de construções que forjei o meu futuro. Não quero perder a minha matéria de trabalho e amor. Sou resistente, insistente. Sempre procurei trabalhos na Espanha que tivessem relação com a nossa língua. Tenho conseguido, seja dando aulas, escrevendo para revistas, revisando ou traduzindo.
Fico feliz quando alguém vê algum evento literário, poema, livro e lembra de mim. As pessoas sempre me relacionam com a literatura, acho que é uma boa forma de ser lembrada.
Foi através do blog que aconteceram coisas muito bacanas: conheci autores fantásticos, nacionais e internacionais, que jamais pensei, como Joistein Gaader, Isabel Allende, Zygmunt Bauman, Boris Unspenski, Amy Tan, Hanif Kureishi, e muitos outros, alguns nem estão mais entre nós, como Lêdo Ivo, Omar Calabrese (semiólogo) e Eduardo Galeano, por exemplo.
Bauman, Madri 2012.
Antonio Colinas e eu
Mario Vargas Llosa
Alberto Vázquez- Figueroa e eu
Luis Goytisolo e eu.
Minha Laura, Lêdo Ivo e eu em 2011 (Madri), alguns meses antes do falecimento do autor.
Essa é recente, desse mês: Enrique Vila- Matas e eu.
São muitas histórias e recordações, um verdadeiro relicário, um tesouro. Muitas bibliotecas e livrarias incríveis que visitei, vi obras clássicas originais, eventos interessantes. Ah, e as oficinas literárias, oito, que aconteceram no ano passado. O Falando em Literatura saiu do virtual patrocinado pelo Consulado do Brasil em Madri e o Itamaraty, foi uma experiência incrível e enriquecedora.
Muita coisa, literariamente falando, aconteceu antes desse blog e acabou perdendo- se no tempo, no limbo da memória. Aqui fica tudo guardadinho.
Por tudo isso, veja você…eu preciso desse blog. E preciso, principalmente, das Letras na minha vida.
Espero, de coração, que esse blog tenha inspirado alguém a amar a boa Literatura como eu amo. Essa é a motivação mais bonita.
E vamos para o ano 10!
9 respostas para “Nove anos Falando em Literatura!”
Parabéns!
Comentou pouco mas estou sempre de olho! Seu blog é inspiração, sem dúvidas.
Grande abraço!
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Parabéns!
Comento pouco mas estou sempre de olho! Seu blog é inspiração, sem dúvidas.
Grande abraço!
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Muito obrigada!
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Parabéns! A longevidade e sucesso do FALANDO EM LITERATURA é resultado do bom gosto, dedicação e trabalho árduo! Vida longa ao blog!
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Obrigada, Pedro, muito gentil! Um abraço!
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Meus parabéns. O seu blog é muito bom, por isso a longevidade.
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Obrigada, Gabriel! Um abraço!
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Parabéns! 🙂
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Legal!!!
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