Eu amo Madri, porque além de ser uma cidade linda, segura, ordenada, florida, limpa, com transporte público excelente, a vida cultural é muito ativa. Você pode escolher entre vários eventos diferentes o ano inteiro.
E especialmente, no último dia 23 de abril, um dia e noite repletos de eventos pela cidade. Fui na abertura de ” A noite dos Livros” (“La noche de los libros”), promovida pela prefeitura de Madri e trouxe dois escritores internacionais para conferências. Aconteceu às 20:00 horas, no belo edifício da Real Casa de Correios, que fica no coração da cidade, em plena “Plaza del Sol”. Nesse edifício funciona a sede da presidência do governo de Madri, onde acontece as “campanadas”, a festa de passagem de ano, com a tradição de comer as doze uvas.
A primeira foi a escritora americana Amy Tan (Califórnia, 19/02/1962). Os pais dela chineses, emigraram para os Estados Unidos, onde Tan nasceu. O pai e irmão de Amy morreram cedo, por causa de tumores no cérebro. Ela e a mãe mudaram para a Suíça. A relação entre elas não era fácil, porque a mãe queria que a filha fosse médica e pianista e Tan escolheu ser jornalista e escritora. Ficaram meses sem conversar, quando a mãe ficou doente e Amy prometeu levá- la para a China. A partir daí a relação entre as duas mudou e Amy escreveu seu primeiro livro, sucesso até hoje. Amy é casada com Louis DeMattei, advogado, há mais de 40 anos. (fonte)
A escritora apareceu diferente, com os cabelos grisalhos com um leve tom violeta (um dos personagens do seu último livro chama- se Violeta). Ela disse estar cansada de seguir convenções e assumir seus fios brancos foi uma libertação. Apoiada! A sociedade é machista até nisso, nos homens ser grisalho é “charmoso”, em mulheres é “horrível”. Cansada dessa bobagem também. Eu saí encantada com a simplicidade e aura boa da escritora. A obra ainda não sei, mas a escritora é encantadora e muito simpática.
A sua primeira obra trata da relação entre mães e filhas chinesas e os conflitos vividos na América. Como é ser chinesa vivendo nos Estados Unidos? Um choque grande de culturas. A obra foi lançada há 26 anos e continua emocionando: “O clube da felicidade e da sorte ( Brasil), e na Espanha, “El club de la buena estrella”, o meu autografado:
Não sei se brevemente, mas com certeza a resenha será feita.
E último livro de Amy é o “Vale do encantamento” (Brasil) e na Espanha, “El valle del assombro”. O meu também autografado:
A capa é muito legal, é dessas que o leitor pode mimetizar- se e fazer parte dela:
“O vale do encantamento”(2014) é um romance de época (1912) ambientado em Shangai. A história é de uma casa de prostituição com muitas intrigas e trechos eróticos (será que inspirou- se nas Sombras de Grey? Tomara que não!). Esse “ofício” na China era diferente, as prostitutas que escolhiam os homens. Amy Tan desconfia que sua avó era uma “cortesã”. Ela deu de presente uma foto da avó, veja:
O segundo autor, o inglês de origem paquistanesa, Hanif Kureishi (Londres, 05/12/1954). Tem formação em Filosofia. Além de escritor de romances, também é roteirista de séries e cinema.
O seu grande sucesso literário é a obra “O buda dos subúrbios” (em espanhol, “El buda de los suburbios”), conta a história de um menino muito parecida com a sua: nascer em Londres e ter que viver com uma cultura tão diferente da corrente. O menino se pergunta…a exclusão que vive, será que é porquê vive no subúrbio? Essa obra virou série na BBC.
O meu exemplar autografado, ele assinou na primeira folha, o que não é legal, porque não sai o nome/autor da obra. Muitos autores não querem perder tempo colocando a data:
O seu último livro, “A última palavra”(2014, em espanhol, “La última palabra”), narra a história de um grande escritor indiano que começa a vender pouco e já não pode manter o nível de vida que tem. É um livro “racial” como o os de Amy Tan, trata de família, imigração, raça e identidade.
Algumas imagens das conferências e algumas cenas desse dia tão intenso de atividades literárias, onde as ruas transformaram- se em livrarias a céu aberto:
As bancas de livros armadas na calçada da Plaza de Callao, Gran Vía.
Na Plaza de Callao. “A noite dos livros”, no Dia Internacional do Livro.
A escritora Amy Tan e a jornalista e escritora Marta RoblesHanif Kureishi
O escritor Hanif Kureishi e Berna González Harbour, diretora do suplemento cultural do El País, o Babelia.
Livros a 1 euro, bom incentivo para renovar a biblioteca
Na Gran Vía
A FNAC montou uma mesa quilométrica na frente do seu edifício em Preciados
O El Corte Inglés também montou várias bancas do lado de fora
Alô, Brasil?! Vamos imitar?!
6 respostas para “Resenha do Dia Mundial do Livro: Amy Tan e Hanif Kureish”
[…] Sabe porquê eu amo Madri? Além de ser uma cidade linda, segura, ordenada, florida, limpa, com transporte público excelente, a vida cultural é muito ativa. Você pode escolher entre vários eventos d… […]
CurtirCurtir
É realmente uma cultura muito diferente da nossa, mas vamos torcer para que caminhemos por este mesmo caminho e que um dia cheguemos lá.
CurtirCurtir
[…] No subsolo, destaque para a escritora americana Amy Tan, que conheci pessoalmente no último 23 de abril, quando esteve na cidade para o Dia Internacional do Livro. […]
CurtirCurtir
Gostei muito dos primeiros livros de Amy Tan, O clube da felicidade e da sorte e a filha do restaurador de ossos. Mas achei fraco O vale do Encantamento.
Ainda não li nada de Hanif Kureish. Alguns livros já foram publicados no Brasil pela Companhia das Letras.
CurtirCurtir
[…] Hanif Kureishi. Eu o conheci pessoalmente em Madri. Tenho outros dois livros do autor autografados, veja aqui, que espero ler o mais brevemente […]
CurtirCurtir
[…] Eu tive a oportunidade de estar pessoalmente com Hanif numa visita sua à Madri no Dia Mundial do Livro, em 2015. […]
CurtirCurtir